Quando cheguei ao grupo, este trabalho era desenvolvido pela Wilma Rossi. Duas companheiras nossas iam até a Crechê Aglaezinha, no Jardim Ângela, cadastravam as gestantes interessadas em fazer o curso dado por elas sobre cuidados com o bebê antes e após o nascimento, eram orientadas a fazer acompanhamento médico, aprendiam crochê básico para fazerem biquinhos nos cueiros de seus filhos e outras coisinhas mais. Quem participasse dos 3 meses do curso ganhava no final um enxoval feito por nossas voluntárias.
Há aproximadamente 5 anos atrás, eu passei a ser a encarregada pela coordenação e preparação dos enxovais, ou seja, garantir a compra dos materiais necessários - flanela para os cueiros e pijaminhas, fraldas e lã para a confecção de mantas e casaquinhos - e a compra do que não é confeccionado na casa - toalhas de banho, cobertores, mijões e pagões.
Quando iniciei este trabalho, inscrevíamos sempre 25 gestantes por semestre. Ao longo do tempo, este número veio caindo por razões que desconhecemos - até imaginamos algumas. Até que no primeiro semestre deste ano ano não tivemos quorum para o curso. Não queríamos e não podíamos parar este trabalho, pois muitas das pessoas envolvidas nesse trabalho têm nele um ponto de apoio emocional muito forte. O que fazer então?
Procurando alternativas, nos deparamos com o trabalho do Amparo Maternal, na Vila Clementino. Conversamos com eles e decidimos entregar os enxovais lá em maio deste ano. Eram 40 mães! Um recorde para nós! Infelizmente, como tinham muitas menores de idade, a Assistente Social não nos deixou tirar fotos.
E neste segundo semestre, novamente não tivemos quantidade suficiente de inscritas em nosso curso. Voltamos ao Amparo, desta vez com 27 gestantes e 28 bebês. Como eram apenas 2 ou 3 menores de idade, elas receberam o enxoval posteriormente e pudemos fotografar as demais. Olha que lindo.
Este é o enxovalzinho montado. Por baixo de tudo estão uma mantinha de crochê/tricô e um cobertor; no canto superior esquerdo, a "carinha" é da toalha de banho. A maioria dos casaquinhos de lã são confeccionados pela Dona Henriqueta, uma senhorinha lindinha que completou 100 anos em janeiro! Uma vez nós perguntamos a ela de onde vinha tanta vitalidade, pois quem a vê andando pelas ruas do bairro jamais adivinharia sua idade. Resposta: "Vivo porque sou útil; além de ajudar vocês, vou sempre que necessário, de ônibus, para a casa de meu filho em São Bernardo do Campo ajudá-lo a cuidar de minha neta, que tem Síndrome de Down." Um tapa na cara de muita gente! Confesso que eu mesma chego a me sentir inútil perto de tamanha desenvoltura.
Curiosidade: quem faz a maior parte das mantinhas é a Dona Fernanda, uma senhora simpática que faz tricô à máquina. Um belo dia ela me liga e diz que não poderia fazer as mantas por um tempo, pois seu único netinho estava com um problema de saúde muito sério e ela estava auxiliando a filha nos cuidados com o menino. E agora, o que fazer? As mantas compradas ou eram muuuito simplesinhas - para não dizer feias - ou eram muito caras. Adivinhem? Pois é, tive que pegar a agulha de crochê e aprender de um dia para o outro a fazer as peças. E não é que deu certo?
Aqui as gestantes. De blusa verde, no canto esquerdo da foto, está minha antecessora, Wilma Rossi, hoje Diretora de nossa Oficina. Na frente à direita, de blusa branca e de bolsa, Lourdes Boccia, nossa Dirigente; a gestante ao lado dela estava grávida de um casal!
Eu lá no fundo e a Wilma fazendo malabarismos e micagens aqui na frente! De blusa branca e olhos fechados no lado direito, a Assistente Social que nos atendeu. Infelizmente não marquei seu nome; uma graça de criatura!
Olha que gracinha de bebê! |
As mãezinhas. A menina da direita devia esta com dor, mas não quisemos perguntar pois ela parecia muito envergonhada.
O que me alegrou demais desta vez foi a receptividade por parte das gestantes: animadas, alegres, felizes por estarmos lá. Uma delas estava muito emocionada e nos disse que o enxoval era o primeiro presente do seu bebê. Todas, sem exceção, nos agradeceram muito emocionadas com um "muito obrigada e que Deus as abençoe". E eu choro novamente enquanto escrevo este texto!
Mal sabem elas que as maiores beneficiadas com esse trabalho somos nós mesmas!
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